Replico aqui a tradução de um artigo de @jennifermossalgue que merece algumas reflexões e novos questionamentos, feitos ao final, e que ainda não se fizeram muito claros.
– Jennifer Mossalgue | 23 de novembro de 2022 — 09:29 PT
Paris está considerando uma proibição total das super populares scooters elétricas de aluguel nas próximas semanas, com os apoiadores do plano argumentando que elas congestionam as ruas e calçadas, os pedestres se assustam e que elas não são tão verdes devido à sua “vida muito curta”. A capital francesa tem aproximadamente 15.000 e-scooters de aluguel, com 1,2 milhão de passageiros no último ano, a maioria deles residentes de Paris.
No entanto, os três operadores de scooters elétricas da cidade, @Lime, @Dott e @Tier estão prontos para a renovação da licença em fevereiro de 2023.
O que acontecerá ainda está para ser determinado, pois a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, pretende anunciar sua decisão nas próximas semanas.
A grande preocupação é, naturalmente, a segurança. Paris teve 337 acidentes registrados ligados a patinetes elétricos nos primeiros oito meses deste ano, comparados aos 247 em relação ao mesmo período do ano passado. No ano passado, uma mulher italiana que caminhava ao longo do Sena morreu tragicamente quando uma scooter elétrica carregando duas mulheres a atingiu. Outro caso de grande repercussão envolveu a morte de dois adolescentes em uma patinete elétrica em Lyon em agosto deste ano, o que levou a cidade a proibir o uso de patinetes elétricos para menores de 18 anos.
Os operadores, no entanto, argumentam que Paris já é a cidade mais rigorosa e regulamentada do mundo em relação aos seus negócios, com apenas três operadores permitidos na cidade sob contratos de três anos, com rastreamento automático e limites de velocidade bastante baixo em alguns casos, e restrições radicais em parques públicos. Paris permite e-scooters apenas em faixas dedicadas, e apenas uma pessoa pode andar legalmente de cada vez – embora isso não seja frequentemente observado.
Além disso, Lime, Dott e Tier dizem que os culpar não é justo, já que os e-scooters de aluguel representam apenas uma pequena proporção de acidentes e representam menos fatalidades se comparados aos de motocicletas ou carros. A França também é responsável pelo maior mercado da Europa em e-scooters para uso pessoal, com mais de 900.000 e-scooters vendidas apenas no ano passado – portanto, eliminar as e-scooters de aluguel não resolveria o problema.
Um dos defensores da proibição, David Belliard, o vice-prefeito verde encarregado dos transportes e espaços públicos, disse ao Le Parisien que “houve progresso, mas ainda é complicado: por exemplo, em algumas áreas de estacionamento, há scooters elétricas espalhadas pelo chão e as pessoas são obrigadas a passar por cima deles, incluindo os idosos”.
Embora seja difícil argumentar com tal afirmação as empresas dizem que estão fazendo mais e melhor a cada dia graças aos softwares de geolocalização – e afirmam que 96% de seus dispositivos ficam estacionados onde eles deveriam estar, e os fiscais da empresa cruzam a cidade para reposicionar as patinetes elétricas que tenham sido desviadas, perdidas ou postas em locais de estacionamento de forma inapropriada. Além disso, as empresas de e-scooters de Paris estão considerando maneiras de impedir que mais de uma pessoa use as scooters ao mesmo tempo, incluindo a utilização de sensores e verificações de identidade.
E quanto ao curto ciclo de utilização de uma scooter alugada? Paris, como a maioria das grandes cidades europeias, foi uma das primeiras cidades a adotar o aluguel de e-scooters, e as primeiras versões eram mais frágeis, e mais frequentemente descartadas. O fundo do rio Sena foi um destino popular para muitas e-scooters não utilizados mais em Paris. Mas os tempos mudaram, dizem os operadores de patinetes elétricos, com dispositivos que agora pesam cerca de 30 kg em comparação com os anteriores de 10 kg. Ainda assim, as empresas dizem que ainda pagam pelo serviço de mergulhadores profissionais para tirar e-scooters do Sena uma vez por mês.
Esperamos que a Madame Hidalgo, também, não desconsidere o quão populares são as e- scooters, especialmente entre os parisienses mais jovens, com aproximadamente uma nova viagem a cada quatro segundos em Paris. Em uma pesquisa recente, encomendada por Dott, Lime e Tier, descobriu-se que aproximadamente 88% dos moradores da cidade consideravam as e-scooters uma parte de seu transporte diário, mais da metade do universo de pesquisa (82% desse grupo com idade entre 18 e 34 anos) disse já ter utilizado o serviço.
Original article by Jennifer Mossalgue | 23 de novembro de 2022 — 09:29 PT
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