Avaliação da relação Custo x Benefício da implantação dos sistemas do tipo DRT

(Demand Responsive Transport), Transporte Sob Demanda.

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                Para que se faça uma avaliação dos custos e benefícios do DRT deve-se antes, contextualizar adequadamente os serviços em áreas de baixa densidade ou em períodos de baixa demanda e se o intuito é tornar-se uma alternativa viável de mobilidade, o transporte coletivo deve prover:

  • Cobertura – disponibilidade em um determinado território, conexões, relevância para os usuários do serviço, acesso a pontos de interesse e atividades
  • Frequência
  • Horários de operação

Nem sempre a aplicação destes princípios às linhas de transporte regular é efetiva, nem mesmo se considerarmos o incremento dos investimentos públicos no transporte coletivo. Vendo por este ângulo, os serviços do tipo DRT podem ser mais bem direcionados às necessidades do público. Eles atendem áreas que frequentemente não são atendidas pelo transporte público de linhas fixas regulares e ainda podem substituir serviços que não se adequam perfeitamente às demandas de deslocamentos e viagens.

 O DRT tem a capacidade de fomentar serviços locais e alimentadores com veículos de menor capacidade que permitem aos serviços regulares operarem com maior eficiência nos principais corredores de tráfego.

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Da mesma forma que os serviços tradicionais de transportes de rotas fixas regulares, o modelo de negócios do DRT depende, em larga escala, de participação de subsídios, ainda que de forma menos evidente e variando em função do tipo de DRT oferecido (flexível ou semiflexível, por exemplo)

No que diz respeito ao DRT, há uma questão de adequação do nível de preço em função das condições locais e da essencialidade do transporte (há casos em que este modal de transporte será o único disponível).

O fato de o DRT acessar áreas antes não atendidas e ter uma maior percepção de conforto pelo fato de buscar e levar passageiros em áreas mais próximas dos seus destinos ou origens, em geral, possibilita percepção de valor adicional no atributo “conforto”. A perspectiva de gerar maior percepção de valor e consequente aplicação de tarifa diferenciada, entretanto, sugere que algum custo adicional seria imposto a públicos que não dispõe de outras opções de deslocamento. Sendo assim, é fundamental que se consiga modular o benefício esperado e a capacidade do público-alvo de pagar por ele.

Nos casos em que o DRT é oferecido como uma opção mais sustentável, econômica e eco eficiente aos serviços de Ride Hailing (Uber,99, Cabify…) pode-se entender que a “taxa de conforto” será bem aceita e socialmente adequada, desde que haja uma percepção de que o serviço de DRT representa uma alternativa válida aos aplicativos de Ride Hailing.

Em um estudo apresentado pelo EIT Urban Mobility em Helsinki, na operação Kutsuplus, os usuários se dispuseram a pagar o equivalente a valores 2 a 3,5 vezes a tarifa do transporte público. Já em um projeto em uma área rural de Portugal, em função de subsídios para redução de tarifas (governos central e locais), as tarifas de transporte sob demanda foram equivalentes, ou em alguns casos menores do que as dos serviços regulares para distâncias similares.

Pode-se ainda inferir, que apesar de os subsídios serem importantes para garantir a viabilidade dos serviços sob demanda (DRT), e onerarem o orçamento do poder concedente, eles podem, em última instância, minorar os impactos destes custos nos cofres públicos quando bem desenhados. Serviços totalmente flexíveis tendem a ter custos operacionais mais altos e fazer com que os agentes ainda resistam à decisão pela adoção desse modelo de negócio, e em contrapartida, a modulação da flexibilidade do sistema pode reduzir custos significativamente. Além do mais, como em todo projeto sustentável, a alocação de recursos públicos e subsídios deve ser muito bem pensada para que não comprometa a credibilidade dos serviços do tipo DRT.

Os formatos de serviços completamente flexíveis e semiflexíveis representam sempre dois dos três possíveis atributos simultaneamente.

Os atributos “custos Baixos”, “alta flexibilidade” e “alta confiabilidade” são sempre acomodadas em função de algum trade-off entre eles.

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Cada uma das possíveis combinações apresentadas acima, se relaciona com ambientes e circunstâncias particulares, alinhamento das políticas públicas e adequação de modelo de negócios.

A proposição de valor deve considerar o acesso à educação, serviços de saúde, cultura e oportunidade de trabalho a pessoas que de alguma forma tinham pouco ou nenhum acesso, bem como os benefícios subjetivos dos serviços de transporte público em geral, integração e acesso a serviços essenciais e a não dependência da posse de um veículo privado).

Custos e benefícios do DRT devem levar em consideração as externalidades, além do benefício imediato de maior mobilidade em áreas de baixa densidade, ao serem comparadas com as de outros modais. De maneira geral, a substituição dos serviços regulares por DRT por razões puramente econômicas, pode não fazer muito sentido, pois talvez não represente valores muito significativos, pois custos fixos e de capital são geralmente preservados. Entretanto, a evolução do sistema para o DRT pode melhorar os índices de utilização em períodos de baixa demanda, provendo melhor nível de serviços, com investimentos equivalentes ou até menores.

Fonte EIT – Urban Mobility – Demand Responsive Transport (2022)

 

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